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26/08/2011

Roberto Bolaño


Roberto Bolaño



Este será um dos maiores posts que farei sobre um escritor, mas Bolaño e o seu livro 2666, assim o obrigam. Claro que o texto a seguir é todo ele retirado da Wikipédia, mas mesmo assim tinha de o postar:

Bolaño nasceu em Santiago, no Chile. Segundo a sua própria descrição ele era magro, ansioso, leitor voraz de livros e pouco promissor. Era uma criança disléxica a quem os colegas de escola maltratavam e o faziam sentir um estranho.
Em 1968 vai viver para a Cidade do México, larga os estudos, trabalha como jornalista e torna-se militante de esquerda.
Um acontecimento marcante na vida de Bolaño, mencionada de diferentes maneiras ao longo da sua obra, ocorreu em 1973, quando ele voltou ao Chile para "ajudar a construir a revolução" apoiando o regime socialista de Salvador Allende. Após o golpe de Augusto Pinochet, Bolaño foi preso sob suspeita de ser um terrorista e passou oito dias na cadeia, foi solto por ex-colegas de classe que haviam virado carcereiros. A experiência foi descrita no conto "Carta de dança". Segundo a versão descrita no conto, ele não foi nem torturado nem morto, como ele esperava, mas "nas horas mortas eu podia ouvir eles torturando outros; eu não podia dormir, e não havia nada para ler exceto uma revista em inglês que alguém havia deixado para trás. O único artigo interessante nela era sobre uma casa que havia pertencido a Dylan Thomas...Eu sai daquele buraco graças a um par de detectives que haviam estudado comigo no colegio, em Los Angeles". O episódio também é contado do ponto de vista dos colegas de Bolaño, na história "Detectives".
Durante a maior parte de sua juventude Bolaño foi um andarilho, vivendo eventualmente no Chile, México, El Salvador, França e Espanha.
Nos anos 70, Bolaño se tornou trotskista e membro fundador do infrarrealismo, um pequeno movimento poético. Ele carinhosamente parodiou aspectos do movimento em "Detectives Selvagens". Após um período em El Salvador, passado na companhia do poeta Roque Dalton e das guerrilhas da Frente de Libertação Nacional Farabundo Martí, ele retorna ao México, vivendo como um poeta boémio e "enfant terrible" literário, "um provocador profissional temido por todas as editoras, ainda que fosse um zé-ninguém, aparecendo em apresentações literárias e leituras", recorda seu editor, Jorge Herralde. Seu comportamento errático tinha muito a ver com seu posicionamento de esquerda e seu estilo de vida caótico.
Bolaño mudou-se para a Europa em 1977 e finalmente vai para Espanha, onde se casa e se estabelece na costa mediterrânica perto de Barcelona, trabalhando como lavador de pratos, monitor de acampamento e outras profissões. Ele trabalhava de dia e escrevia à noite. No começo da década de 1980 ele morou numa pequena cidade do litoral catalão, Blanes.
Ele continuou escrevendo poesia, antes de mudar para a ficção, durante a meia-idade. Numa entrevista Bolaño disse que começou a escrever ficção porque se sentiu responsável pela estabilidade financeira dos seus filhos, que não poderia ter sido assegurada com o que ganharia como poeta. Isso foi confirmado por Jorge Herralde, que explicou que Bolaño "abandonou sua existência beatnik" por que o nascimento do seu filho em 1990 o fez "decidir que ele era o responsável pelo futuro da sua família e que isso seria mais fácil se escrevesse ficção". Contudo, ele continuou a ver-se como poeta, e a colecção dos seus versos, espalhados por 20 anos, foi publicada em 2000 sob o título "The Romantic Dogs".
Bolaño tinha sentimentos conflitantes sobre seu país natal, que visitou apenas uma vez depois de seu exílio voluntário. Ele se notabilizou no Chile pelos seus duros ataques a Isabel Allende e outros membros do establishment literário. "Ele não se adequava ao Chile, e a rejeição que ele experimentou o deixou livre para dizer tudo o que quisesse, o que pode ser algo bom para um escritor", disse o romancista e dramaturgo chileno Ariel Dorfman.
A morte de Bolaño em 2003 veio após um longo período de problemas médicos. Foi sugerido na mídia inglesa que o escritor era um viciado em heroína, e que a causa da sua morte havia sido uma doença renal resultante da Hepatite C, com a qual ele fora infectado através de agulhas compartilhadas em seu perído "libertino". Entretanto, essa afirmação foi contestada devido à enfática negação de sua mulher e de seu amigo próximo Enrique Vila-Matas. É verdade, porém, que ele sofreu de uma falência nos rins e estava quase no topo da lista de espera por um transplante quando morreu.
Seis semanas após sua morte, escritores latino-americanos colegas de Bolaño o aclamaram como a mais importante figura literária de sua geração, numa conferência realizada em Sevilha. Entre os seus melhores amigos estavam os romancistas Rodrigo Fresán e Enrique Vila-Matas; O tributo de Fresán incluía a declaração de que "Roberto emergiu como um escritor numa época onde a América Latina não acreditava mais em utopias, onde o paraíso se tornou inferno, e essa sensação de monstruosidade, pesadelos despertos e constante fuga de algo horrível permeia 2666 e toda sua obra".
"Seus livros são políticos", observa também Fresán, "mas de uma maneira mais pessoal do que militante ou demagógica, que é mais próxima da mística dos beatniks do que das bombas". Na opinião de Fresán, "ele era um em um milhão, um escritor que trabalhou sem proteção, que foi para fora, sem freios, e ao fazer isso, criou uma nova maneira de ser um grande escritor latino-americano". O jornalista Larry Rohter do The New York Times escreveu, "Bolaño brincava sobre a palavra 'póstumo', dizendo que 'soava como o nome de um gladiador romano, que é invicto', e ele sem dúvida ia ficar espantado de ver como suas ações subiram agora que está morto.
Bolaño sobreviveu pela sua mulher espanhola e seus dois filhos, aos quais ele um dia chamou "minha única pátria". (Na sua última entrevista, publicada na edição mexicana da revista Playboy, Bolaño diz que ele se considerava latino-americano, acrescentando que "meu único país são meus filhos e talvez, ainda que em segundo lugar, alguns momentos, ruas, rostos e livros que estão em mim..."). Bolaño nomeou seu filho Lautaro, do líder Mapuche Lautaro, que resistiu à conquista espanhola do Chile, conforme descrito no épico do século XVI "La araucana".


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